O mercado de filmes independentes no Brasil em contraste aos blockbusters


*Essa matéria foi parte do trabalho final da disciplina de Redação em Mídias Digitais. A autoria é de Matheus Rodrigues, Tomaz Leão e Maria Clara Aldrovande.

 Como filmes de grande investimento influenciam no cinema nacional e quais são os problemas encarados pelos cineastas brasileiros.

Por pouco o Rio não perde uma das principais salas de cinema autoral. O Estação Net, em Botafogo, quase sofreu despejo durante a pandemia. Foi salvo por um tombamento provisório da Prefeitura. Quinze dias depois, o grupo Severiano Ribeiro optou por mantê-lo sob administração. Em outro movimento, a mesma empresa pretende inaugurar, ainda no primeiro semestre de 2022, o Kinoplex Leblon Globo Play, antigo Cine Leblon, na avenida Ataulfo de Paiva. A promessa é resgatar a ideia de um cinema de rua, lazer tradicional da cidade, mas que possui apenas dez unidades à disposição do público. Ainda não se sabe se a programação será composta apenas por grandes produções, sem produções menores e independentes.   

A opção do público pelos “blockbusters” - filmes de alto aporte financeiro -  aliado ao pouco incentivo governamental, sempre prejudicou produções de outro circuito que não o hegemônico, somado aos problemas impulsionados pela pandemia. Houve perda de 90% de público e renda em filmes brasileiros no ano de 2021 se comparado a 2020, enquanto o faturamento de filmes internacionais subiu 72.5%. Além disso, cerca de 300 salas de cinema foram fechadas, mostrando que o problema atinge todas as fases do mercado cinematográfico: do financiamento de uma produção até a falência das salas, a ponta do iceberg desse ciclo. “A gente não é uma indústria, a gente não se sustenta. Se não for incentivado, a gente não vira uma indústria. A gente não cresce.”, disse Renata Paschoal, produtora e diretora, em entrevista à reportagem.

O risco pelo qual o Estação Botafogo passou não é exclusividade. Isso não é uma questão exclusiva dos cinemas de rua, pois a pandemia e a crise vem atingindo todos os tipos, dos modernos aos tradicionais. O Itaú Cultural, que antes possuía salas em alguns estados do país, decidiu por manter apenas em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Salvador, Curitiba e Porto Alegre acabaram sendo prejudicadas com a decisão. A ideia é investir na plataforma de streaming Itaú Cultural Play. "Ao fortalecer a distribuição por streaming, mais consumidores serão alcançados, levando o Espaço Itaú de Cinema para todos os cantos do país", disse a diretora financeira da empresa, Beatriz Schmidt, à Folha de SP. Também no Rio, o complexo Cinépolis Lagoon, localizado na Zona Sul, encerrou suas atividades no começo de 2022.

Antes da pandemia, o Brasil conseguiu um recorde importante. Haviam cerca de 3500 salas de cinema, quando o máximo atingido era de 3200 no ano de 1975, em um momento que a pornochanchada tinha muita força. Para o carioca, o baque é mais pesado se pensado no histórico da cidade. A região da cinelândia ganhou este nome pela quantidade de cinemas que ali haviam. Também próximo dali, a Tijuca chegou a ter 16 salas de cinema. Hoje o bairro conta com apenas 5, todas dentro do Shopping Tijuca.

Shoppings são hoje as principais casas para as salas e o público. E podem ter sido a chave da expansão do mercado, mesmo que com dificuldade e esta nova crise. Segundo a Ancine, cerca de 90% das salas estão localizadas em empreendimentos assim. Paulo Sérgio Almeida, diretor do portal Filme B, disse à Folha que nesse formato as empresas têm muito menos chances de tomar prejuízo. “Com uma sala só, se o filme que você programou não deu dinheiro, a semana foi perdida. Mas um cinema antigo pequeno, com 600 a 800 cadeiras, pode abrigar quatro salas. O pequeno multiplex, é uma forma de ratear as despesas e os riscos”

Essas e outras importantes questões de como enfrentar os problemas que atingem quase todas as fases do processo de se fazer filme no Brasil, seja na exibição ou na produção e realização. Etapas que os que vivem nesse mercado conhecem melhor que ninguém. Do diretor ao estudante, que anseia um dia trabalhar e ocupar algum papel, todos são essenciais para entender detalhadamente os pontos do debate. 



Leis de Incentivo

As leis de incentivo são primordiais para a produção de filmes independentes no país. Objetivam a promoção à fontes de cultura, além da preservação de bens materiais e imateriais. A Lei Rouanet, por exemplo, consiste na dedução do valor de seu projeto no imposto de renda, limitado a uma taxa de 6% para pessoas físicas. A Lei do Audiovisual, através da aquisição de Certificados de Investimentos Audiovisuais, também patrocina pessoas físicas ou jurídicas interessadas em projetos aprovados pela ANCINE. Já a Medida Provisória é responsável pela legislação acerca da Contribuição para o “Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional”, além de estabelecer princípios gerais da política nacional do cinema.

“Pra um cinema mais justo, tipo assim, eu acho que só na cultura americana que o cinema é indústria. Na Europa, o cinema não é indústria, né? Em todos os lugares eles são incentivados. Só que isso vem de uma política muito forte de incentivo. Então eu acho que isso é que tinha que andar junto, porque os cinemas também precisam se sustentar, né? O problema é a política, é a política pública, tem que ter incentivo.”, afirmou Renata Paschoal, proprietária da distribuidora Fortes Filmes, à reportagem.

Paulo Henrique Fontenelle é diretor de cinema e partilha da opinião de Renata sobre o assunto: “Os maiores problemas atualmente são a falta de políticas públicas para o setor e o sufocamento da Ancine, além do velho problema de sempre que é a distribuição e espaço para a exibição nas salas de cinema. É fundamental que  existam políticas públicas que garantam espaço de tela para nossas produções, tanto nos cinemas como nas plataformas de streamings.”




Produção Independente


Os produtores de cinema enfrentam muitos problemas no mercado cinematográfico brasileiro, principalmente os que trabalham de forma independente. A situação é desconfortável durante o processo. Da captação de recursos até a exibição, as peças dessa engrenagem acabam conhecendo ou sabem que irão enfrentar os obstáculos.

Os estudantes de cinema Pedro Perpetuo e Matias Vaisman entendem que os maiores problemas do cinema no país parecem vir "de cima". “Apesar de compreensível até certo nível, o maior dos problemas é o de ver o cinema apenas como negócio. Mantendo exclusivamente essa perspectiva, mata-se qualquer produção única e original, e a indústria como um todo se apoia em máquinas de dinheiro fácil", comentou o segundo. Em ideia similar, mas se atentando ainda mais para a questão política, Pedro argumenta  que "no atual governo, os ataques e o descaso dos governantes com a cultura, reduzindo editais e programas de fomento ao audiovisual e aderindo a campanhas de difamação contra artistas e obras valiosas." 

Outro que começa sua carreira no mercado, mas como ator, é o Pedro Manoel Nabuco, que mesmo jovem já acumula experiência no audiovisual. E sua visão quanto ao estado atual do mercado do cinema do país passa muito pela força dos streamings. "(...)acho que se for para falarmos do mercado precisamos falar dos streamings, e acredito que dentro das produções nacionais, autorais e independentes está existindo, dentro da dinâmica de produção de streaming tanto uma liberdade autoral, como também um incentivo pro mercado interno, acho inegável não falar sobre isso.(...)Se você entrar no catálogo da Netflix, e a quantidade de filmes brasileiros, os documentários hoje em dia são muito maiores do que há alguns anos atrás. Então, acho que está, nesse sentido, os streamings estão abrindo os olhos para as produções nacionais e vendo como alguma coisa positiva". 

Quem também está fora do mercado, mas movimentando o público, acaba por receber pouca atenção. Leon Diniz é geógrafo e professor, mas faz mais de 20 anos que ele criou e organiza o cineclube "Domingo é dia de cinema". Sediado na Estação Botafogo, o grupo consegue unir um público diverso, seja ele da zona sul em Botafogo ou da zona norte do complexo da maré. E como representante da audiência e do público, Leon tem certas questões com as grandes produções. "O problema me parece estar na distribuição e no estímulo que se faz. Eu lembro do Lázaro Ramos falando, no debate, sobre o filme "Medida Provisória" e comparando o número de salas com os de grandes produções internacionais. Nós criamos muitos empregos e narrativas lá fora, acho que é criar emprego e narrativas que sejam fundamentalmente nossas, que a gente também faça".

O crítico Rodrigo Fonseca também comenta a situação das produções no Brasil."A minha ambição é que haja uma produção contínua de filmes, mas que as pessoas saibam enxergar que a ideia de autoralidade, que a marca pessoal de um realizador, não é mediada por baixos orçamentos. Você pode ser um diretor-autor e não ser bom, você pode ser autor e diretor é bom, mas não necessariamente, ter uma marca não significa que você tem uma qualidade." 

Ele também não deixa de opinar sobre a conjuntura do cinema no Brasil. O crítico aborda o merecimento, ou não, de mais espaço e pauta para filmes nacionais e independentes. "O cinema brasileiro é pautado. Ele é um assunto, o que acontece é que existem certos períodos de posicionamentos políticos, que fazem com que as pessoas  por exemplo ignorem determinado filmes, por razões a direita ou por razões a esquerda..(...) existem às vezes num festival, como é tudo verdade,  que tem uma gama de documentários muito grandes,filmes que são de pequeno porte, esgotam numa reportagem, são filmes que não sustentam tanto o olhar crítico, porque não são tão cinematográficos e sim fatuais, são quase como se fossem uma grande reportagem, alguns casos, e eles às vezes ganham uma notoriedade que eles não merecem, por uma questão política. Enquanto existem filmes comerciais gigantes, cheios de potenciais que eles são ignorados por um meio proido só que de maneira oposta".

Paulo Henrique Fontenelle também tem suas observações acerca da relação do público com grandes e pequenas produções. Diferente de Rodrigo Fonseca, ele encrenca com as condições do cinema de hoje. Na reação do público ele é direto com sua obra. "Eu nunca busquei um projeto pensando exclusivamente no gosto do público. Todos os filmes que fiz foram a partir de histórias que eu acreditava que teria uma relevância para a sociedade e que o sucesso ou não seria uma consequência da maneira que eu conseguiria passar essa mensagem." Ele completa sobre o momento atual da produção autoral no Brasil."Acho que as produções autorais estão ficando cada vez mais sufocadas pelos grandes blockbusters.(..) Lá (EUA) sempre existiu três tipos de filmes: O Filme de baixo orçamento do cineasta independente. O filme de médio orçamento e aos grandes blockbusters. Isso representava uma evolução natural do cineasta como artista. Eram etapas que iam sendo construídas. Hoje o cinema de médio orçamento quase não tem espaço dentro dos estúdios. Ou se investe num filme que vai gastar pouco ou num que vai gastar muito com a expectativa de fazer milhões nas bilheterias." Ele relaciona esse cenário com o Brasil. "Infelizmente essa é uma realidade hoje no Brasil, principalmente com a paralisação do setor por conta da política deste governo que não tem outro objetivo a não ser sufocar o setor".

Renata Paschoal argumenta que um tipo de produção não necessariamente afeta de forma negativa outros. "Eu acho que não, um não atrapalha o outro. Porque eles são de públicos distintos, inclusive eu acho que um necessita do outro, né? Um impulsiona o outro. O problema é na cultura, você já vem com aquele cinema blockbuster de uma cultura americana".

Concluindo sobre a produção de cinema no Brasil, o diretor-geral do Canal Brasil, André Saddy, falou sobre o funcionamento da seleção dos filmes, partindo do princípio que o "conceito do canal é o cinema brasileiro em toda sua abrangência''.  "A gente busca um equilíbrio entre filmes que são mais alternativos, que participam de festivais e são premiados, mas ao mesmo tempo de filmes comerciais também. Nosso grande desafio é, com o dinheiro limitado que temos, conseguir fazer um equilíbrio entre todas essas produções de cinema, que são muito variadas no Brasil". Sobre os detalhes do processo, ele acrescenta que "existem estudos e pesquisas. Como a gente participa de todos os festivais, às vezes a gente acaba tendo mais contato com essa produção local. E quanto mais regional for nossa programação, a gente acredita que mais abrangente é o Canal Brasil".

Distribuição e exibição  


Após ser produzido, um filme encara a fase de distribuição. No Brasil, os pontos de venda são os cinemas, as TV’s, as plataformas de streaming e os festivais de cinema. Posteriormente, cabe ao distribuidor definir a estratégia para recuperar o investimento, determinando o preço do ingresso, publicidades e data de lançamento na plataforma de streaming, por exemplo. Tudo de acordo o ponto de venda escolhido.

Ao ser perguntado sobre os maiores problemas da indústria cinematográfia, Rodrigo Fonseca criticou o processo de distribuição: “O maior problema da indústria cinematográfica é  a gente ser mediado por um esquema de distribuição que determina quando o filme é melhor para ser exibido. Ele fica a mercê de ter praça, de ter tela e de uma embalagem que nem sempre os distribuidores acertam. Por exemplo: certos filmes só podem ser lançados dublados no Rio na zona norte e oeste, acreditando que nessas camadas populares as pessoas não assistem filmes legendados, o que gera o repúdio de alguns, mas também a adesão de outros.  Há uma dissonância, um preconceito, um problema histórico que nunca foi sanado. Eu acho que outro problema é que para um filme brasileiro, se ele não segurar a primeira semana, não fizer esse sucesso, ele sai de cartaz. Não há espaços fixos, com raras exceções, que é o caso por exemplo do Instituto Moreira Salles, que consegue manter uns filmes que já até saíram de circuito e voltam como é o caso de “Fortaleza Hotel”, filme brasileiro que teve sua carreira, saiu do circuito e eles retomaram com esse filme.”

Pedro Perpetuo e Paulo Henrique Fontenelle apontam para as escolhas de exibição no cinema como obstáculos de filmes independentes. “A maior parte das produções brasileiras sequer é exibida nos cinemas, por não ter condições de competir com os filmes estrangeiros, principalmente os americanos, que dominam as salas”, disse Pedro. Fontenelle segue a mesma linha: “É inadmissível você ver um Multiplex com 8 salas de cinema e todas passando o mesmo filme de super-herói.” 

Perguntada sobre o impacto da pandemia na distribuição, Renata Paschoal afirma que trabalho foi o mesmo e cita a dificuldade para vender documentários: “O público mesmo vem do cinema, das salas de cinema, mas ao mesmo tempo, quando você vende por streaming, você não tem menos trabalho, né? Você vai lá, vende direto e ganha aquele dinheiro e você precisou gastar teu lobby ali para vender para algum canal. Mas como eu também sou produtora, é frustrante, né? Pra quem fez filme e não passar nas salas de cinema. Documentário os caras já sabem que botar no cinema é difícil. É muito difícil dar público aí, tudo bem, mas teve documentário que nem pra TV eu consegui colocar, mas é que também tem muita coisa ruim, né?.”






Streaming


Netflix, Amazon Prime Video e Disney +. São esses, nessa ordem, os serviços de streaming mais populares no Brasil, que ocupa a segunda colocação no ranking mundial do setor. Em um país onde 65% dos adultos possuem pelo menos um serviço de streaming, a expectativa é de movimentar R$1 bilhão de reais este ano. Dilatado pela pandemia, o setor alterou a lógica do cinema nos últimos anos e promoveu mudanças permanentes positivas e negativas, variando sob a ótica de diferentes cineastas.

Matias Vaisman, estudante de cinema, cita esse novo mercado como forma das produções independentes conseguirem se sustentar: “Os streamings têm possibilitado esse tipo de produção menor, mantendo-as vivas. Claro, os critérios são igualmente pautados em uma visão econômica de negócios, mas pelo menos torna o cinema não-blockbuster possível de existir. Talvez seja menos glamourosa, ou tenha uma vida útil mais curta na memória coletiva do que os grandes clássicos, mas é o que vai manter vivo o audiovisual como objeto criativo, artístico e cultural.” O ator Pedro Perpetuo também enxerga o streaming como facilitador para produções independentes e destaca uma possível nova realidade: “Espero que os trabalhadores do audiovisual possam ter mais segurança e uma carga horária semanal menor, até por questões de saúde.”

Crítico e roteirista, Rodrigo Fonseca destaca o fato do streaming seguir uma lógica de mercado e contrasta com a visão de Vaisman: “O que eu penso é que há uma mudança no mercado provocada muito pelo “mundo dos streamings”; fizeram com que as pessoas ficassem muito em casa mesmo antes da pandemia e preferindo pagar uma assinatura de 25, 30 reais por mês a pagar um ingresso, sobretudo, o deslocamento e corpo a corpo, esse é o problema da contemporaneidade. O que aconteceu foi que esses streamings, precisando de produto para a sua carta, compraram um material muito diverso que inclui produções pequenas ou médias de países como o Brasil. Mas há sim, como sempre houve, espaço para pequenos filmes, sendo que os filmes médios tiveram um rareamento sobrevivendo de poucos autores ativos. Eu não acho que isso é culpa de Hollywood, o mercado exibidor de cinema é um comércio. Isso é da lógica do mercado.”

Produtora e diretora, Renata Paschoal aborda a questão sob um aspecto cultural: “Vamos colocar Netflix, Amazon e Globoplay. Sempre que alguém vem falar comigo, eu sou super a favor de assinar a Globoplay, porque é dinheiro que fica no nosso país para os nossos atores e nossa equipe, enquanto Netflix e Amazon contratam a tela, né? Grandes produtoras, é difícil eles irem para as menores porque é muito dinheiro envolvido, então eles também ficam com medo de uma produtora menor. Será que ela vai conseguir entregar aquele produto?

Renata também afirmou a importância de exibir um filme na sala de cinema, mais rentável que colocá-lo diretamente no streaming: “Nenhum filme que você venda direto por streaming vai ter o mesmo faturamento se ele for bem no cinema. Se um filme vai bem no cinema, nenhum streaming paga o que a bilheteria de um filme de sucesso faz. Vamos colocar um filmaço. Pagaram 350.000 reais, mas numa boa bilheteria você ganha milhões. Se aquele filme de sucesso que eles pagaram 350.000 reais tivesse feito uma excelente bilheteria, ele teria ganhado 300.000.000. A diferença é muito grande. É porque teve uma pandemia e aí o streaming cresceu, mas a hora que o público realmente voltar para as salas de cinema não tem o que bata, sabe? A sala de cinema é a sala de cinema, não tem jeito.




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