TRISTE HOMENAGEM PARA OS MAMONAS ASSASSINAS

 No apagar das luzes, 2023 apresentou uma das maiores bombas do ano no cinema. Dirigido por Edson Spinello, Mamonas Assassinas - O Filme é uma tragédia completa. A história do grupo tão marcante era um prato cheio para uma cinebiografia, haja visto o  ótimo documentário de 2009, Mamonas Para Sempre. Mas o filme desperdiça com muita vontade essa grande oportunidade.


Biografias não costumam ter grandes mistérios. A grande questão é a maneira de contar a história e o recorte da trajetória a ser adaptado. Uma vida inteira não cabe em uma sessão de cinema. Acontece que o grupo teve, entre a estreia do disco e o acidente fatal, apenas 8 meses de sucesso. Esse pouco tempo obriga o roteiro a focar na vida dos integrantes da banda antes do único disco gravado por eles. E é o caminho escolhido no filme. Os problemas surgem a partir daí.


As atuações, por mais que em alguns momentos carismáticas, são terríveis. A opção pela semelhança com os personagens reais acaba sacrificando a qualidade do produto. Os figurinos, design de produção e direção de arte são tenebrosos e não permitem ao espectador embarcar na história. O roteiro do filme, a base de tudo, é péssimo. Todas as cenas têm uma caretice de início, meio e fim. Dessa forma influenciando a montagem, transformando o filme em uma colagem de cenas/esquetes, com falas horríveis e que muitas vezes não fazem sentido.


O carisma dos personagens e das situações em que eles se envolvem poderia jogar a favor. Infelizmente, são tantos fatores contrários que o saldo é muito negativo. Todos sabemos que o cinema nacional é feito de muita luta e esforço, com raros momentos de abundância nos orçamentos e bilheterias. Situações que poderiam abrir espaço para a criatividade. O que passou longe desse filme. Dois casos são emblemáticos. O fato do mesmo trecho da mesma música tocar 3 vezes em um mesmo filme faz parecer uma piada proposital ou aquelas músicas de personagens em novelas que tocam inúmeras vezes em cada capítulo. O mesmo bar aparece 3 vezes, mas sem ter significado algum para essa repetição, parecendo que a ideia era fazer uma sitcom, não um longa metragem. 


Outros furos também são inacreditáveis. Em uma cena o integrante do grupo está recebendo 80 mil reais e rodando o Brasil todo. Logo depois, ele está dormindo no sofá da casa do irmão. Essa casa aparece mais de 4 vezes no filme, mesmo sem ter relevância alguma para a trama.


O filme é um grande desperdício. Como disse o grupo de amigos atrás de mim na sala de cinema, “parece que quem fez o filme nunca viu um filme na vida, seja ele bom ou ruim”. A impressão final é de que ele é feito para ser picotado e estourar em redes sociais como TikTok e Kwai, seja pela falta de movimento da câmera nas cenas ou pela caretice que reina por todo o longa.


Para não deixar de citar algo de bom, a última notícia é de que Mamonas Assassinas- O Filme já passou dos 500 mil espectadores por todo o país. Marca excelente na recuperação do público pós-pandemia e em um ano de grandes filmes nacionais, como Mussum e Nosso Sonho.


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