Questões para o Fluminense em 2025
O assunto principal do texto poderia ser a apresentação vergonhosa do Fluminense diante do Boavista, adversário muito mais fraco tecnicamente e que deu um banho de futebol. Também poderia abordar o jejum contra o Botafogo, que ganhou os últimos 7 jogos no clássico Vovô. Acho que a reflexão principal a ser feita deve buscar as razões para o Fluminense não conseguir jogar contra ninguém. Seja com o time titular ou reserva.
Acredito que para uma avaliação justa, as partidas com o time alternativo não deveriam estar no mesmo balaio. Não que não sejam dignas de um debate, até porque foram de nível muito baixo e marcadas pela péssima condução tática de Marcão. No entanto, o grupo de jogadores relacionado era uma completa mistura entre jovens estreantes, contratações, reservas e os que voltavam de lesões. Difícil de se construir algo positivo com atletas que nunca tinham treinado juntos antes.
E é normal que no começo de temporada, ainda mais no péssimo calendário brasileiro, o time esteja em uma rotação mais baixa e produzindo menos como um todo. O que surpreende, ou não, é o fato dos rivais e até outros clubes da Série A estarem jogando e correndo muito mais. Não parece faltar dedicação e entrega dos jogadores, mas quando enfrentaram o Botafogo, todas essas questões ficaram mais claras ainda. O alvinegro estreiou com o time principal na temporada naquela partida, tendo treinado apenas 2 semanas, e deu um banho físico e tático no Fluminense. Sem treinador, o Botafogo jogou "de memória", como disse o comentarista Paulo Cesar Vasconcellos na transmissão, e tomou a partida para si. Para não dizer que o tricolor saiu sem nada, estes dois problemas evidenciaram o que deve ser tratado urgentemente para o resto do ano: tática e físico.
O mesmo Botafogo ano passado deu uma aula para a maioria dos times do Brasil de como competir em alto nível. Os confrontos contra o Palmeiras mostraram dois time muito acima dos demais. Enquanto isso, o Fluminense passou o ano todo em frangalhos. A preparação física de 2023, muito aclamada e que trouxe resultado quando aliado ao estilo adotado na época, parece ter trazido suas consequências. Foi o time com mais casos clínicos na primeira divisão e até setembro os números indicavam que o clube tinha quase uma lesão por jogo. Neste ano, alguns jogadores já se lesionaram na preparação e os que estão disponíveis correm muito menos do que os dos nossos rivais. Um dos méritos de Mano Menezes, assim que assumiu o posto de treinador, foi trabalhar apenas com atletas saudáveis e parar de forçar ao máximo o estado deles. Alguns até sumiram e foram aparecer bem depois, mas em melhor condição.
A outra questão é diretamente relacionada com Mano Menezes. O time, hoje, não consegue criar jogadas. Isso não quer dizer que não produza chances e nem leve perigo ao adversário. Mas quase não há organização nesse sentido.
O clube gastou muito dinheiro e os reforços vieram. Com ou sem o aval dele e para diferentes posições. Mas a fila parou de andar quando o time entrou em campo com uma produção muito aquém do que poderia. Até pior do que no ano passado, com o mesmo treinador e os mesmo jogadores. Será que Mano não tem condições de conduzir um processo de reformulação? O que sabemos é que o futebol está em falta.
Pode-se argumentar que Ganso, um dos melhores do time, está fazendo muita falta para o funcionamento do esquema. Mas se a solução for "bola no Arias" e "bola no Riquelme", como tem sido, o problema será agravado com o andamento da temporada. E não só o ataque passa por dias ruins. Os volantes, que acredito serem a chave para um futebol efetivo, independente da tática, estão totalmente deslocados e sem função. Não ajudam na criação e têm deixado a área extremamente desprotegida.
Amanhã o Fluminense enfrenta o Vasco e no sábado o Flamengo. O time precisa de vitórias para se classificar para a Copa do Brasil. E precisa de futebol para sobreviver ou até vislumbrar alguma coisa em 2025.
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